domingo, 4 de julho de 2010

Profissão 6: A reparadora de sombrinhas

Em uma residência localizada no bairro da Estação, parte central de Urussanga, Nália Gamba Ronconi passa o dia trabalhando, fazendo aquilo que tanto gosta. Com habilidade e rapidez, ela conserta sombrinhas, guarda-sóis e guarda-chuvas. A profissão, um tanto quanto diferente, atrai uma grande clientela para a casa de Nália. Encontrar o local é fácil. O ponto de referência é um bar, que fica ao lado. Pintada de azul marinho, parece uma daquelas casinhas desenhadas ainda na infância, com a base quadrada e a parte superior pontiaguda. Os vizinhos, sempre informados pela própria Nália, são os responsáveis por avisar os clientes quando a senhora não está na residência. “Foi passar o fim de semana na praia”, “Foi ao médico com a filha”, ou ainda, “Saiu e não sei a que horas volta”.

A urussanguense tem 69 anos e começou a reparar os objetos há duas décadas. Na época, ela e o esposo eram contratados para trabalhar na roça de fumo de um conhecido. Como as despesas de ir até a lavoura praticamente se igualavam aos lucros, Nália resolveu ficar em casa com os filhos e netos. Percebendo que as dificuldades financeiras só aumentavam, decidiu fazer algo para ajudar na renda familiar. Pegou uma sombrinha quebrada que tinha em casa e a arrumou. Levou quase um dia para terminar o serviço, mas gostou tanto do resultado que foi atrás de outros objetos para consertar. Aos poucos, os vizinhos começaram a trazer sombrinhas para Nália. A mulher ficava cada vez mais experiente no reparo. Descobriu, com o passar do tempo, que existem mais de 10 tipos de varões, e que eles podem ser de alumínio ou plástico. Além disso, dependendo o tamanho da sombrinha, o tecido que a recobre pode ser maior ou menor, da mesma forma o cabo.

Fui fazendo, olhando e arrumando. Aí, descobri que um objeto é diferente do outro. Tem que ser tudo medido com cuidado para depois não sobrar nem faltar pano”, relata a senhora. Desde que começou a trabalhar no conserto dos objetos, o pouco que rende o serviço ajuda na compra de mantimentos. Nália ganha R$2 reais a cada sombrinha pequena arrumada. Já a maior, que dá mais trabalho, lhe rende R$3 reais. Não importa o que foi feito no objeto, o valor sempre é o mesmo. Segundo ela, algumas chegam tão estragadas que, às vezes, a vontade que dá é de jogar do fora. Mas não é isso o que acontece. A mulher se concentra e começa o trabalho. “Tem algumas que os varões estão quebrados, é preciso mudar o tecido e o cabo. Tudo na mesma sombrinha”, diz ela. Nos períodos chuvosos, várias unidades chegam diariamente até às mãos da mulher. Quando o tempo está seco, no entanto, a demanda cai muito.

Além de trazer satisfação, o trabalho também ajuda na renda mensal e na entrada do baile dos idosos. Ir dançar no Centro Social Urbano, no mesmo bairro em que ela mora, é uma diversão, um incentivo ao bom humor que lhe é tão característico. “Ah, como eu gosto de um baile. Fico no salão até fechar a gaita”, declara Nália, com um contagiante sorriso.

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