Cerca de 10% das crianças brasileiras sofrem as conseqüências da obesidade. Apesar de ser um problema comum da fase adulta, existe uma série de fatores que justificam esses dados. Maus hábitos alimentares e a falta de exercícios físicos são os mais comuns. A acadêmica de Nutrição da Universidade do Sul de Santa Catarina – Unisul, Frantieska Maia, diz que os alimentos industrializados ganham espaço na alimentação de crianças e adolescentes por serem fáceis de preparar. Dessa forma, abrem mão de frutas e verduras que são ricas em fibras e fundamentais na manutenção do peso.
Aos 11 anos, a estudante Thayná Machado tem 1,55 de altura e pesa 60 Kg. Não chega a ser um caso de obesidade, mas está sobrepeso. Quando tinha apenas um ano de idade, sofreu com pneumonia. Precisou tomar soro e usar medicamentos específicos para seu caso. Desde então, passou a ter características de uma criança gordinha. Ela atribui aos medicamentos o excesso de peso, mas não nega que exagera nas refeições. Come pães e doces com freqüência. Sempre que a mãe a repreende é motivo de discussão, mas quando Thayná sai pra comprar roupas, lhe dá razão. “Não existe algo mais frustrante do que entrar em uma loja e ver que as roupas mais bonitas não têm o meu tamanho”, revela.
Foram situações como essas que fizeram a menina ter vontade de emagrecer. Ao invés de passar o dia todo na frente da televisão ou do computador, ela está jogando bola. Com pouco espaço em volta da casa, se torna impossível a presença de outros jogadores. Então, Thayná usa uma bola de vôlei para jogar contra a parede. Acredita que esse exercício possa fazê-la perder alguns quilinhos. Frantieska diz que, qualquer exercício aeróbico é válido. Seja jogar bola, andar de bicicleta ou caminhar. O importante é que a criança faça alguma atividade que contribua para a queima de calorias. Em outras palavras, que deixe de ser sedentária.
Thayná estuda na 6º série da Escola Básica Catequista Joana Pendica, localizada no bairro Pouso Alto do município de Gravatal. Dos 215 alunos matriculados nessa escola, 10 estão sobrepeso. As cozinheiras garantem que existe um cuidado especial com a higiene. Touca para os cabelos, guarda-pó branco e calçados fechados. Porém, revelam que há dificuldade de controlar a quantidade do que os alunos comem. “Em algumas situações, a mãe do aluno vem conversar conosco. Explicamos que as refeições feitas na escola são equilibradas e de ótima qualidade. O controle da quantidade deve ser um hábito também em casa”, diz a cozinheira Maria Elenita Grasso.
O cardápio da escola foi elaborado pela nutricionista Alessandra Abero. De um modo geral, as refeições possuem carboidratos (pão, arroz, macarrão), proteínas (frango orgânico, queijo, ovos) e minerais (feijão, salada). A profissional fez uma avaliação do cardápio antigo e procurou equilibrá-lo da melhor maneira. A escola recebe os alimentos necessários para seguir o cardápio, mas esporadicamente serve achocolatados. Alessandra visitava a escola todos os meses, mas não trabalha mais no município. Segundo a diretora da escola, Samira Mendes Espíndola, já foi providenciado outro profissional. Não informou quem.
A escola sempre possuiu uma horta, mas os alunos não valorizavam. Para conscientizá-los da importância de verduras e legumes, a professora Jaçanã dos Santos Cardoso decidiu que os alunos deveriam mantê-la. Entre outros vegetais, cultivam alface, cebola e repolho sem agrotóxicos. Dessa forma, é possível deixar as refeições ainda mais saudáveis. Como na escola não há cantina, a única opção de lanche é aquela oferecida no refeitório. Para as cozinheiras, a horta dá a oportunidade de ousar e diversificar as refeições.
Em 2001, o governo do estado de Santa Catarina proibiu o comércio de guloseimas, refrigerantes e frituras nas escolas de educação básica. Atendendo à legislação, a escola decidiu fechar a cantina que havia, mesmo sendo uma fonte de renda. A orientadora Vera Lúcia Teixeira diz que a lei mudou a rotina dos funcionários. A cantina deixou de existir, mas passaram a se preocupar ainda mais com o trabalho das cozinheiras. E, pelo menos na escola, não encontram mais papéis de bala ou embalagens de salgadinho no chão. O meio-ambiente agradece.
Segundo a estudante da 5ºsérie, Heloísa Assmann, fechar a cantina não foi a solução. Conta que os colegas compram guloseimas no bar que fica próximo à escola. Informação que foi confirmada por Thayná. A proprietária do bar, Arlete Rafael, diz que os alunos costumam comprar salgados como coxinha ou pastel. Outras vezes, se reúnem para comprar refrigerante. “O bar é um estabelecimento como qualquer outro e precisa existir, cabe aos pais e à escola orientar a alimentação das crianças”, critica Arlete. Na mercearia ao lado, a atendente Terezinha Rafael comenta que o consumo de balas e chicletes é o mais comum.
Como se não bastasse o incômodo das gordurinhas, a criança obesa enfrenta o preconceito dos colegas e da família. Thayná tem vontade de participar das aulas de educação física, mas é incomodada pelos apelidos. A professora Osmarina Garcia diz que os apelidos surgem como defesa. Quando uma criança magra é perturbada por uma gordinha, vai querer xingá-la com o que lhe ofende mais. Muito bem humorada, Heloísa cita os apelidos mais comuns: Nhonho, botinho, baleia e bolinha. Para ela, a graça está na comparação feita com o colega.
A acadêmica de psicologia da Unisul, Susanne Faust da Silva, acredita que a obesidade pode afetar o psicológico da criança a ponto de gerar comportamentos regredidos e infantilizados. Outros problemas são auto-estima abalada e a dependência materna. No caso de Thayná, ela gostaria de ter o corpo magro como o de suas amigas. Por isso, acaba se sentindo menosprezada em grupo. Também conta que se sente mal quando vai à praia. “A obesidade cria uma enorme carga psicológica e está relacionada a fatores como a percepção de si, a ansiedade e o desenvolvimento emocional da criança”, diz Susanne.
Ainda diz que, o aluno obeso ou sobrepeso, merece atenção especial. Ele relata grande incômodo com o ser gordo, ser alvo de chacotas e manifesta o desejo de emagrecer. Todos esses pensamentos podem atrapalhar até mesmo o aprendizado, principalmente na adolescência. Porém, os professores dizem não ter percebido dificuldades no ensino para esses alunos. De qualquer forma, deverão ficar atentos, pois a obesidade infantil pode causar danos psicológicos por toda a vida. “Nem todos os obesos tem sentimentos negativos sobre seu corpo. Esses sentimentos são mais comuns em pessoas com o início da obesidade na infância”, reforça Susanne.
Aos 11 anos, a estudante Thayná Machado tem 1,55 de altura e pesa 60 Kg. Não chega a ser um caso de obesidade, mas está sobrepeso. Quando tinha apenas um ano de idade, sofreu com pneumonia. Precisou tomar soro e usar medicamentos específicos para seu caso. Desde então, passou a ter características de uma criança gordinha. Ela atribui aos medicamentos o excesso de peso, mas não nega que exagera nas refeições. Come pães e doces com freqüência. Sempre que a mãe a repreende é motivo de discussão, mas quando Thayná sai pra comprar roupas, lhe dá razão. “Não existe algo mais frustrante do que entrar em uma loja e ver que as roupas mais bonitas não têm o meu tamanho”, revela.
Foram situações como essas que fizeram a menina ter vontade de emagrecer. Ao invés de passar o dia todo na frente da televisão ou do computador, ela está jogando bola. Com pouco espaço em volta da casa, se torna impossível a presença de outros jogadores. Então, Thayná usa uma bola de vôlei para jogar contra a parede. Acredita que esse exercício possa fazê-la perder alguns quilinhos. Frantieska diz que, qualquer exercício aeróbico é válido. Seja jogar bola, andar de bicicleta ou caminhar. O importante é que a criança faça alguma atividade que contribua para a queima de calorias. Em outras palavras, que deixe de ser sedentária.
Thayná estuda na 6º série da Escola Básica Catequista Joana Pendica, localizada no bairro Pouso Alto do município de Gravatal. Dos 215 alunos matriculados nessa escola, 10 estão sobrepeso. As cozinheiras garantem que existe um cuidado especial com a higiene. Touca para os cabelos, guarda-pó branco e calçados fechados. Porém, revelam que há dificuldade de controlar a quantidade do que os alunos comem. “Em algumas situações, a mãe do aluno vem conversar conosco. Explicamos que as refeições feitas na escola são equilibradas e de ótima qualidade. O controle da quantidade deve ser um hábito também em casa”, diz a cozinheira Maria Elenita Grasso.
O cardápio da escola foi elaborado pela nutricionista Alessandra Abero. De um modo geral, as refeições possuem carboidratos (pão, arroz, macarrão), proteínas (frango orgânico, queijo, ovos) e minerais (feijão, salada). A profissional fez uma avaliação do cardápio antigo e procurou equilibrá-lo da melhor maneira. A escola recebe os alimentos necessários para seguir o cardápio, mas esporadicamente serve achocolatados. Alessandra visitava a escola todos os meses, mas não trabalha mais no município. Segundo a diretora da escola, Samira Mendes Espíndola, já foi providenciado outro profissional. Não informou quem.
A escola sempre possuiu uma horta, mas os alunos não valorizavam. Para conscientizá-los da importância de verduras e legumes, a professora Jaçanã dos Santos Cardoso decidiu que os alunos deveriam mantê-la. Entre outros vegetais, cultivam alface, cebola e repolho sem agrotóxicos. Dessa forma, é possível deixar as refeições ainda mais saudáveis. Como na escola não há cantina, a única opção de lanche é aquela oferecida no refeitório. Para as cozinheiras, a horta dá a oportunidade de ousar e diversificar as refeições.
Em 2001, o governo do estado de Santa Catarina proibiu o comércio de guloseimas, refrigerantes e frituras nas escolas de educação básica. Atendendo à legislação, a escola decidiu fechar a cantina que havia, mesmo sendo uma fonte de renda. A orientadora Vera Lúcia Teixeira diz que a lei mudou a rotina dos funcionários. A cantina deixou de existir, mas passaram a se preocupar ainda mais com o trabalho das cozinheiras. E, pelo menos na escola, não encontram mais papéis de bala ou embalagens de salgadinho no chão. O meio-ambiente agradece.
Segundo a estudante da 5ºsérie, Heloísa Assmann, fechar a cantina não foi a solução. Conta que os colegas compram guloseimas no bar que fica próximo à escola. Informação que foi confirmada por Thayná. A proprietária do bar, Arlete Rafael, diz que os alunos costumam comprar salgados como coxinha ou pastel. Outras vezes, se reúnem para comprar refrigerante. “O bar é um estabelecimento como qualquer outro e precisa existir, cabe aos pais e à escola orientar a alimentação das crianças”, critica Arlete. Na mercearia ao lado, a atendente Terezinha Rafael comenta que o consumo de balas e chicletes é o mais comum.
Como se não bastasse o incômodo das gordurinhas, a criança obesa enfrenta o preconceito dos colegas e da família. Thayná tem vontade de participar das aulas de educação física, mas é incomodada pelos apelidos. A professora Osmarina Garcia diz que os apelidos surgem como defesa. Quando uma criança magra é perturbada por uma gordinha, vai querer xingá-la com o que lhe ofende mais. Muito bem humorada, Heloísa cita os apelidos mais comuns: Nhonho, botinho, baleia e bolinha. Para ela, a graça está na comparação feita com o colega.
A acadêmica de psicologia da Unisul, Susanne Faust da Silva, acredita que a obesidade pode afetar o psicológico da criança a ponto de gerar comportamentos regredidos e infantilizados. Outros problemas são auto-estima abalada e a dependência materna. No caso de Thayná, ela gostaria de ter o corpo magro como o de suas amigas. Por isso, acaba se sentindo menosprezada em grupo. Também conta que se sente mal quando vai à praia. “A obesidade cria uma enorme carga psicológica e está relacionada a fatores como a percepção de si, a ansiedade e o desenvolvimento emocional da criança”, diz Susanne.
Ainda diz que, o aluno obeso ou sobrepeso, merece atenção especial. Ele relata grande incômodo com o ser gordo, ser alvo de chacotas e manifesta o desejo de emagrecer. Todos esses pensamentos podem atrapalhar até mesmo o aprendizado, principalmente na adolescência. Porém, os professores dizem não ter percebido dificuldades no ensino para esses alunos. De qualquer forma, deverão ficar atentos, pois a obesidade infantil pode causar danos psicológicos por toda a vida. “Nem todos os obesos tem sentimentos negativos sobre seu corpo. Esses sentimentos são mais comuns em pessoas com o início da obesidade na infância”, reforça Susanne.
Um comentário:
Importante ressaltar os perigos e os problemas causados pela obesidade infatil. É um problema aparente mas infelizmente ainda não esta sendo tratado com a seriedade que deveria. Parabéns pela matéria.
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