domingo, 12 de junho de 2011

Crônica de um coração apaixonado

Por muitas vezes, gastei meu tempo procurando coisas e pessoas que me completassem. Acreditava piamente em sentimento verdadeiro, em amor eterno, e esse era o combustível dessa busca incansável. Passaram-se os dias... Os mesmos se tornaram semanas; as semanas se tornaram meses e, os meses, anos. A solidão era uma doença crônica que desbotava a vida. Com ela... Os sorrisos não tinham graça. As festas não tinham música. Os amigos não preenchiam o vazio que clamava para ser preenchido. Ah! Quantas e quantas vezes almejei encontrar, a tão falada e gasta, palavra “amor” nas esquinas que cruzei? Chegava o tempo em que parecia mais confortável aceitar a vida como um livro decorado com gravuras em “preto e branco”.

Lembranças nessas páginas retratavam alegrias passadas, sorrisos e vozes embaralhadas, momentos inesquecíveis, porém passageiros. Também me induziram a crer que a vida é feita de muitos amores, semelhante a uma colcha de retalhos. Cada amor tinha seu papel, mas não passava de um retalho. Então, decidi apostar nas coisas que realmente importavam. Decidi seguir por mim mesmo. Coloquei o sentimentalismo no seu devido lugar: no fim de uma imensa lista de prioridades. Isso me fez um bem danado! Virei noites e noites estudando, madruguei para chegar a tempo ao trabalho, me comunicava com pessoas de todas as classes e, era desafiador ter cada vez mais compromissos. Enfim, o conformismo conseguiu cegar meus olhos e enganar meu coração, fazendo parecer que tudo estava bem. Até que...

Meus olhos não resistiram a beleza de um outro par de olhos. Logo, permitiram que caísse a venda que me cegava. Junto desse olhar expressivo também pude encontrar o sorriso que me completa. Então, descobri que o amor é uma doença crônica que colore a vida. Quanto aos meses, as semanas e os dias... Dane-se o tempo! Quero gastá-lo por completo admirando o efeito estonteante que dá cor às gravuras do livro que conta nossa história.

Hoje vejo em tais gravuras, sorrisos como os de uma criança. E, para isso, basta receber um simples torpedo. Viro noites e noites acordado imaginando coisas, relembrando momentos... Aprendi que a vida não é uma colcha de retalhos, mas sim, um quebra-cabeças. Cada peça se encaixa perfeitamente, de forma que, no final, apareça a imagem da pessoa amada. O interessante nesse processo é que, quando menos esperava, encontrei o que buscava. Confesso que, às vezes, nem sei como agir. Acredito não estar acostumado com tanto amor à mim depositado, mas... pouco importa, só quero viver intensamente esse sentimento que se tornou combustível indispensável para meus dias.