segunda-feira, 14 de junho de 2010

Profissão 7: O cachaceiro

Outro profissional que enriquece a cultura de Urussanga é Itálico Dagostin. Disposto a manter a tradição da família, ainda hoje, produz cachaça de maneira artesanal. Para ele, essa é uma forma de lembrar com carinho do velho pai, quem lhe ensinou a atividade há mais de 60 anos. Com tanto tempo de experiência, o homem inspira segurança enquanto fala sobre o assunto. Comenta que a cachaça é uma bebida destilada obtida através da fermentação do caldo de cana. Também destaca que o produto foi sua principal fonte de renda durante décadas. A produção média era de 5000 litros por ano e a maior parte das vendas acontecia no sul do estado.

O alambique fica em uma antiga construção de tijolos à vista. Enquanto Itálico abre as janelas para iluminar o local, é possível ouvir o barulho dos tímidos pingos de pinga. Com humor irreverente e despreocupado com a modéstia, ele garante produzir aguardente da melhor qualidade e pureza. Explica que, antes da destilação, é adicionado água e levedos ao caldo de cana e deixado em repouso por doze horas. Em seguida, esse líquido fermentado é colocado em uma parte do alambique conhecida como caldeira e submetido à alta temperatura. Durante esse processo, o vapor escapa por um cano que passa por dentro de uma caixa com água. Isso faz com que ele esfrie e seja novamente transformado em líquido. Dessa vez, cachaça.

Desde criança, Itálico foi incentivado ao cultivo da cana-de-açúcar. Ele cresceu vendo seus pais plantando, colhendo e moendo cana. Além disso, tinha orgulho dos derivados que a família comercializava: açúcar mascavo, melado e, claro, cachaça! Embora tenha consciência de que a busca por esses produtos diminuiu, o produtor de aguardente ainda mantém a roça de cana. Já não vende cachaça em barril como antigamente, mas vende em litros. Já não transporta para outras cidades, mas oferece aos vizinhos e turistas em um armazém que possui ao lado de casa. “De minha parte, isso aqui não pára enquanto eu estiver aqui na Terra. São, com vida e saúde”, acrescenta.

O prazer e satisfação que Itálico sente ao exercer essa profissão são revelados no armazém. Afinal, como não perceber o cuidado de expor os diversos tipos de licor nas prateleiras? Sejam de flores ou frutas, cada um deles tem sabor marcante. E, estando à mostra, parecem fazer um convite para serem degustados. Já a decoração é rústica, contando com a exposição de objetos e ferramentas que já são considerados relíquias. Ao ser indagado sobre a possibilidade de alguém continuar a atividade, o cachaceiro lamenta, pois acredita que será o último da sua família. “Quem é que vai sair do emprego para estar aqui? Acontecer isso é muito difícil”.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

E falando em inclusão digital...

Câmeras digitais, celulares com diversas funções e acesso facilitado à internet são apenas alguns exemplos do fenômeno que estamos vivendo. A inclusão digital vem transformando nossa sociedade de maneira desenfreada. Em nenhum outro momento da história a informação foi tão valorizada. Basta acessar uma página da web em busca de algum assunto para saturar a mente com informações. Ou ainda, se sentir pequeno e sem possibilidade de assimilar tanto conteúdo. Diante dessas mudanças, é importante que as pessoas de diferentes classes sociais sejam familiarizadas com as mídias digitais.

Apesar da velocidade e abrangência do fenômeno, apenas 41 milhões de brasileiros têm acesso à internet. Ou seja, não corresponde a 25% da população que é composta em média por 190 milhões de pessoas. As escolas deveriam ser as maiores incentivadoras, mas se queixam da precariedade dos equipamentos e da falta de profissionais na área da informática.

A professora Marlei Rodrigues trabalha na Escola Reunida Joaquim Cardoso Duarte, localizada no município de Gravatal, desde 2007. Ela revela que em 2009 os alunos tiveram aulas de informática, mas se tornou inviável continuar o projeto, pois a quantidade de computadores era insuficiente para atender os alunos. “Cada sala de aula possui em média 25 alunos, mas a escola disponibiliza apenas 5 máquinas”, acrescenta.

A professora também diz que não havia internet nas máquinas, o que limitava o aprendizado. Afinal, por mais que inclusão digital não se resuma em internet, não podemos negar que a grande rede tem ligação direta com todas as outras mídias. Podemos observar isso nos vídeos de celular que são veiculados no Youtube, nas fotografias postadas no Orkut, na possibilidade das pessoas publicarem textos sobre diversos assuntos em blogs e interagirem de maneira ainda mais direta através do Twitter ou MSN.

Vale lembrar que inclusão digital não significa disponibilizar computadores e câmeras para a sociedade. É importante que essas pessoas tenham conhecimento sobre o funcionamento dos mesmos. Além disso, que tenham consciência do conteúdo a ser transmitido, de forma que saibam usar de maneira sábia essas ferramentas, colaborando para a própria formação. Preocupados com esse tema, propomos uma campanha de incentivo principalmente às crianças de baixa renda e deficientes físicos.